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sexta-feira, 27 de abril de 2018

Eugénio de Andrade









































Escalar-te 
lábio um lábio percorrer-te: eis a cintura, 
o lume breve entre as nádegas 
e o ventre, o peito, o dorso de  
subir aos flancos, o olhar para os olhos ao longo da boca fresca  dos olhos, entregar-me a poro  ao furor da tua boca, esquecer a mão  na festa ou na abertura de uma sessão ao pé da caneta a fazer as águas duras  respirar como quem tropeça  no escuro, gritar às portas da alegria,  da solidão, como é subir acima às pressas da loucura, do fogo descer a neve, abandar-me agora  nas ines o orvalho - a glande leve.

 Eugénio de Andrade

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