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domingo, 27 de abril de 2014

Eugénio de Andrade //// Até Amanhã


Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor

quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.


Eugénio de Andrade.
Foto Rosa Miranda.
 
 

1 comentário:

fatima disse...

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
Falei de tudo quanto amei.

Gostei,bjinho....