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quarta-feira, 2 de abril de 2014

helena guimaraes /// INCONSTÂNCIA


Foste como vieste
nas fronteiras de um desejo.
Ferveu a paixão no sangue,
correram rios nas faces
e sem que disso cuidasses
quedou-se a minha alma exangue.
Tiveste na mão o ensejo
de querer e não quiseste...

Corre-me o fogo nas veias,
soçobra o meu pensamento
e no fumo do cigarro
esvai-se a ansiedade.
Procuro a tua verdade
na dúvida, meu tormento,
nesta torre sem ameias
que impus ao meu sentimento
sem a qual eu me desgarro...

Este infantil dilema
de querer e não querer ,
é quase um teorema
difícil de resolver.
Quero-te , pede - me a ânsia
em que vivo hora a hora.
Mas esta incrível demora,
como um escopro de artista,
vai modelando na alma
o espectro da distância,
a realidade imprevista,
a dor,  resignação , a calma.

Teus olhos de areia...
 Teus olhos doces de areia
quentes de sol e lonjura
traziam em si doçura
em vagas de maré cheia...
Ficaram presos nos meus
num minuto - eternidade.
E toda a claridade
se fundiu nos olhos teus.
Soçobrou meu sentimento
nesse areal de promessas
onde descanso sem pressas,
onde colho o meu alento...

Helena guimaraes

Do livro "" Contigo à lareira ""  2012





1 comentário:

disse...

Tiveste na mão o ensejo
de querer e não quiseste...

Helena Guimarães está de parabéns,
pela beleza que transmite na poesia.
SUBLIME mesmo.

Beijo.