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sábado, 25 de janeiro de 2014

Archibald MacLeish /// Uma Imagem, Um Poema, Uma Música ...





Um poema deve ser palpável, silencioso,
como um fruto redondo.

Mudo
como os velhos medalhões ao toque dos dedos.

Silente
como o gasto peitoril de uma janela em que cresceu o musgo.

Um poema deve ser calado
como o voo dos pássaros.

Como a lua que sobe,
um poema deve ser imóvel
no tempo,

deixando, memória por memória, o pensamento,
como a lua detrás das folhas de inverno;

deixando-o como, ramo a ramo, a lua solta
as árvores emaranhadas na noite.

Um poema deve ser imóvel
no tempo
como a lua que sobe.

Um poema deve ser igual a:
não a verdade.

Por toda a história da dor,
uma porta franqueada e uma folha de ácer.

Para o amor,
as gramíneas inclinadas e duas luzes sobre o mar.

Um poema deve ser,
e não significar.


Archibald MacLeish (1892-1982)
Tradução: Péricles Eugénio da Silva Ramos






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