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terça-feira, 6 de outubro de 2020

Quanto, António Botto

 

Quanto, quanto me queres? – perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida…
Beijámo-nos então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar…
Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto                 





1 comentário:

mariferrot disse...

António Botto, um Poeta, contista e dramaturgo que o infortúnio não poupou, de nascimento humilde, com obra marcada pela polémica por abordar a homossexualidade, tão normal nos dias de hoje, vê critica em cima de critica e perseguido pela política da moral parte para o Brasil, mas também aí o olhar da pouca sorte não o perdeu de vista, passou mal e morreu atropelado !!!... <3


Beijo Conde