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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Hamilton Ramos Afonso

 

                 Escasso tempo

Sabes que não meço a intensidade dos sentimentos pelo tempo
que nos demos um ao outro,
porque habituei-me a fazer tudo de forma serena,
sem pressas ,
porque a sofreguidão dá mau resultado,
nada sai bem feito,
com a mente a girar ao som do tica tac do relógio…
Por isso não me perguntes quantos dias ,
quantos anoiteceres , passamos juntos,
nos amamos , com intensidade aproveitando o tempo ,
porque o afecto não se contabiliza,
não tem essa ditadura do passar das horas,
do esgotar dos dias,
porque o afecto devia ser eterno…
Feito um esforço ,
se calhar não passou de umas dezenas,
escassas, de dias e de ocasiões ,
em que esse tempo valeu
como um grande e longo amor…
O tempo ,
esse escoar do tempo entre a tua chegada
e a tua partida, nunca me incomodou,
porque tinha a consciência que teria de ser assim ,
aceitei essa circunstância
como uma inevitabilidade.
O que eu não contava e foi isso que matou o amor,
foram as dúvidas,
as crises de ciúme pelo que vias escrito nas críticas e comentários
ao meu trabalho ao publicado,
de quem lia as palavras ardentes de amor e paixão
que me inspiraste…
…as palavras que tu tinhas noção que me saíram a fogo
depois daquelas dezenas de instantes
em que demos largas ao amor…
O que fica ?
Em ti não sei,
em mim aquelas dezenas de instantes
que marquei a fogo,
valeram-me por uma vida inteira de amor…

Hamilton Ramos Afonso
Arte: Jane Ansell








1 comentário:

mariferrot disse...

Tempo, escasso tempo, longo tempo, final distante, marcha sem acompanhante, faça sol ou faça frio o sinal é um avante, para tudo não tem pressa, quem partiu já chegou e vai chegar quem ficou !!!... <3


Beijo Conde