COMO WALCOTT
Escrevo à mão com um lápis mongol nº 2 mal apontado
apoiando folhas de papel sobre meus joelhos.
Essa é a minha poética: escrever a lápis é a minha poética.
Se alguém perguntar como quero escrever
respondo "como Walcott". Essa também é a minha poética.
Também esperar que ela me morda o pescoço
para começar a escrever é a minha poética. A escuridão do mar
cheia de dobras, é a minha poética. Ela pergunta como quem
quero escrever
e eu respondo "Não sei, como Walcott". Ou melhor
minha poética é dizer algo visceral de uma só vez,
como na ópera, sem esperar que ocorra uma morte
especialmente interessante no final: é a minha poética.
O lápis mal apontado é essencial para minha poética.
Só assim ficam marcas nas folhas de papel
uma vez que as letras são apagadas e as palavras já não
se entendem ou saíram de moda ou qualquer outra coisa.
Ilustração: New York Times.
1 comentário:
Poética, cada qual com a sua põe música no papel, o instrumento é um lápis, a bela ferramenta, que tanto dá como tira a corrigir sem parar, mas o certo fica certo e não vale imitar !!!... <3
Beijo Conde
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