OLHO AS MINHAS MÃOS
Olho as minhas mãos
e o que vejo é este frio vazio e solidão e nada
A corola esbatida do teu último beijo
e em fios de angústia
aquela madrugada
Escorrem - me dos dedos restos do teu nome
e em sílabas geladas
o teu corpo desnudo me aflora aos olhos
que em teu nome fechei e expus a tudo
Olho as minhas mãos e o que vejo é sangue
é sal do teu corpo de desejo comungando o meu corpo
em desvario
Com estilhaços de bruma rememoro a tua carne em fogo
e de remorso choro
olhando as minhas mãos de febre e frio
Fernando Campos de Castro
Do livro : Violação da Noite / 2000
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