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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Clara Maria Barata

E depois partiste
Como se o teu destino fosse apenas ter pressa…partiste. Não soubeste ler o grito sofrido dos meus olhos, a mensagem perdeu-se na pequena distância que nos separava. As tuas mãos inquietas acenavam despedidas, falavam promessas de amanhãs, tropeçavas nas palavras, conjugavas o verbo amar num futuro impossível, inventavas sorrisos e gestos de ternura esfarrapada.
Agonizava o que ainda restava de mim no teu olhar.
Dizias que o tempo não lograria apagar o que n...
a carne se cravou pelo punhal da paixão, que os sonhos amanhecem sem fronteiras e as estrelas vigiam as noites mais sombrias.
Mentias. As estrelas adormeceram no cansaço dos dias, silenciou-se a voz do vento, o sol é uma memória diluída no tempo, as roseiras do jardim esqueceram as flores, entristeceram em canteiros esvaídos de esperança, só os espinhos reclamam espaço na terra seca e solitária, antes abençoada pela chuva dourada e pelo trinar das aves nas colinas do desejo.
Ceguei e ensurdeci. Poderei também ter perdido a voz quando, no inclemente deserto de mim, deixei de pronunciar a água do teu nome.



Clara Maria Barata   




 

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