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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

JOAQUIM PAÇO D'ARCOS


um tanto exagerado srsrsr mas é um lindo poema de AMOR.......


Medo não é o temor dos piratas no Rio de Oeste,
Nem dos tufões do mar.
Não é o receio dos tiros, pela noite,
No rio povoado de lorchas e traições;
Nem o susto dos enforcados,

Ao luar branco,
No mangal da Areia Preta.
Medo não é o temor da guerra,
nem da fome, nem da cólera,
Nem das chagas dos leprosos
na Ilha de S. João;
Não é suspeita
De que a morte espreita,
Continuadamente,
E nos levará.
Medo não é contágio da tristeza
Quando a tarde tomba
E o ocaso ensanguenta
O mar de água barrenta,
As terras e o céu,
Até as ilhas serem tragadas pelo negrume
E as montanhas pelo escuro,
E nada restar senão a treva
E os gritos que atravessam a noite,
Vindos não sei donde,
Para não sei onde.

Medo não é o temor das ciladas,
Nem dos punhais,
Nem dos beijos vermelhos que enganam
E sorvem lentamente as vidas...

Medo é este pavor de que tu partas
E me deixes só.


in «Poemas Imperfeitos», 1952
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Foto: MEDO    JOAQUIM PAÇO D'ARCOS    Medo não é o temor dos piratas no Rio de Oeste,  Nem dos tufões do mar.  Não é o receio dos tiros, pela noite,  No rio povoado de lorchas e traições;  Nem o susto dos enforcados,  Ao luar branco,  No mangal da Areia Preta.  Medo não é o temor da guerra,  nem da fome, nem da cólera,  Nem das chagas dos leprosos  na Ilha de S. João;  Não é suspeita  De que a morte espreita,  Continuadamente,  E nos levará.  Medo não é contágio da tristeza  Quando a tarde tomba  E o ocaso ensanguenta  O mar de água barrenta,  As terras e o céu,  Até as ilhas serem tragadas pelo negrume  E as montanhas pelo escuro,  E nada restar senão a treva  E os gritos que atravessam a noite,  Vindos não sei donde,  Para não sei onde.    Medo não é o temor das ciladas,  Nem dos punhais,  Nem dos beijos vermelhos que enganam  E sorvem lentamente as vidas...    Medo é este pavor de que tu partas  E me deixes só.    in «Poemas Imperfeitos», 1952

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