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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Nuno Júdice

 

Photo: Masao Yamamoto 













Sigo este caminho sem direção especial,
placas apagadas, linhas contrárias de cada 
lado das bermas, árvores caídas sobre a 
própria sombra. Queria avançar para
onde não quero ir, mesmo que seja daí 
que tenho de regressar. Podia ter nos 
olhos a indicação do sol, e nas mãos 
um resto de lua; com algumas palavras 
fabricar uma fulguração de rumo,
que um céu de nuvens logo apagasse; e 
do coração tirar um ritmo de passos 
esquecidos no eco branco das 
dunas. Assim, nem vejo por onde vou:
e sem saber ao que vou, fecho a 
realidade que ficou para trás. Tenho
o nada que tenho pela frente; e a 
claridade de um horizonte de mar,
sem velas nem aves, a derramar-se
numa aresta de montanhas. Fujo de 
mim, tendo-me à mão; e estendo 
a mão até ao vazio que fica no fim.


Nuno Júdice


1 comentário:

mariferrot disse...

Errâncias, a vida e as suas sendas, umas a irem outras a virem mas todas a confundirem o certo e o errado !!!...


Beijo Conde