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sábado, 5 de fevereiro de 2022

Nuno Júdice

 romã


Tirei os bagos, um a um,
de dentro da romã. Juntei-os
no prato do poema, e construí com eles
a tua imagem para que
a pudesse morder como se ama,
até ouvir o teu riso perguntar-me: «Que
fazes?», enquanto libertavas
os seios de dentro
da camisa, para que a luz os mordesse
como se morde a romã.



Nuno Júdice

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