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segunda-feira, 31 de maio de 2021

Cesário Verde (1855 - 1886)

 Não sei porquê lembrei-me deste outro belo - bem mais belo - poema do nosso poeta impressionista, Cesário Verde (1855 - 1886)


Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!




1 comentário:

mariferrot disse...

O bucólico de Cesário Verde, o gosto impresso no simples e verdadeiro, ausente de fútil romanceado diariamente tão apreciado e o puro sempre trocado !!!... <3


Beijo Conde