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domingo, 20 de dezembro de 2020

Uma poesia de Blas de Otero

 


Cuerpo de la mujer

Blas de Otero



O corpo da mulher

O corpo da mulher, rio de ouro

onde, abraços afogados, recebemos

um relâmpago azul, uns cachos

de luz rasgada em esplendor de ouro.

 

O corpo da mulher ou mar de ouro

onde, as mãos amorosas, não sabemos,

Se são seios, são ondas, se são remos

os braços, se são asas de ouro ...

 

Corpo de mulher, fonte do pranto

onde, depois de tanta luz, de tanto

toque sutil, de Tântalo esbarra.

 

Sabe à solidão de Deus. Sentimos

a solidão dos dois. E uma cadeia

que não soa, atraca em Deus, almas e limos


Blas de Otero





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