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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Joaquín Antonio Peñalosa

 



                              AUNQUE ES DE NOCHE

 

No es mía la noche
de vasos rojos y de besos rojos.

 Ni siquiera la noche que amortaja
conciencia y ojos en el camposanto del sueño.

 Mía es la noche del suero
que eterniza la gota y el quejido

 La noche del asfalto del trailer
que soporta con café y con aspirinas.

 La noche de las redes que acechan
los jardines flotantes de los peces.

 La noche de los relâmpagos
que aluzan entre abismos
el paso de la mula y del indio.

La noche de vendimia de mujeres,
a elegir esclavas a precios razonables. 

Mía la noche con olor laboral de obrero;
si la fábrica para, para el universo,
¿y el obrero, qué? 

La noche rodante del metro
donde los sin-techo cabecean,
el mismo tabaco, la misma ruta.

Mía la noche de los barrotes,
prohibida la entrada a la luna y la justicia.
Tantos son los expertos de la noche,
tan pocos los centinelas del alba.


Joaquín Antonio Peñalosa

 

 

Não é minha a noite
de copos e beijos vermelhos.

Nem mesmo a noite que amortalha
olhos e consciência no cemitério do sonho.

Minha é a noite do soro
que eterniza a gota e o queixume.

A noite do asfalto do trailer
que vai com café e com aspirinas.

A noite das redes que envolvem
os jardins flutuantes dos peixes.

A noite dos relâmpagos
que alumiam por entre abismos
os passos da mula e do índio.

A noite de vindima das mulheres,
escolhendo escravas a bom preço.

Minha a noite com cheiro de operário;
parando a fábrica, pára o mundo todo,
e o operário, depois?

A noite circulante do metro,
onde cabeceiam os sem-abrigo,
o mesmo tabaco, a mesma rota.

Minha a noite dos barrotes,
entrada proibida na lua e na justiça.
Tantos são os especialistas da noite
e tão poucas as sentinelas da aurora.


Joaquín Antonio Peñalosa


(Trad. A.M.)





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