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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

rui amaral mendes






filial...

ensinaste-me nesse tempo que antecede

o florir das magnólias
a beber nos teus olhos as palavras
que te irrompem da boca
numa manifestação intempestiva
qual incontida mas concreta floração
dessa dimensão maior única
por dentro do amor


olho o rio em frente

penso nas palmas abraçando os pés
inseguros e frágeis que
sentes escaparem-te das mãos:
a areia do tempo
escorrendo-te por entre os dedos


na tua disputa contra a irrefutável

passagem do tempo
decretaste a irrelevância de me
saberes desprovido de úbere ventre
e declaraste-me aliado em luta
que era primacialmente tua


hoje carrego as cicatrizes de um corpo 

que se expande para albergar 
um objecto cardíaco reconstruído ressuscitado
uma reflexão líquida
do rio que me embala na noite
nutrindo os ramos filiais desse amor
com que me engravidaste
consumando a metamorfose


rui amaral mendes in a noite o sangue [2016] ©




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