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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Nuno Júdice




































O sol cai sobre os pássaros que se erguem,
e pousam, e voltam a bater as asas para que
o sol os não deixe cair; e o vento leva-os
ao longo das dunas, como sementes prontas
para serem plantadas numa terra de nuvens.

E o sol não encontra a terra do teu corpo
para nele plantar o seu fogo azul; nem
os pássaros pousam nos teus braços que
se estenderiam em busca de nuvens mais
próximas, à espera das tuas mãos.

E sinto o vento mudar de direcção,
de norte para sul, indicando o rumo
que os teus olhos procuram, seguindo
o voo desses pássaros que abandonam
a terra fria, e a deixam entregue ao silêncio.

Mas fico junto a ti, nesta hora de frases
incertas, ouvindo a pergunta que os teus lábios
soltam, numa floração luminosa, sem
esperar resposta, ouvindo apenas o rumor
de maré no eco das tuas palavras.


Nuno Júdice

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