Sinto a tua falta
Sinto a tua falta
quando
no mofo dos dias
os braços da aurora me acordam
e do peito uma ave se solta em voo de luz
em direcção à nora
onde os meus olhos bebem a manhã
na névoa do velho alcatruz.
Quando
os raios do meio-dia escorrem
pelas paredes num lamento
e o calor refugiado na sombra
não me refresca o pensamento
na hora dorida que se arrasta
sem vontade de morrer na lonjura
que de ti me afasta.
E é vertical a tua lembrança
caindo a prumo. Transportando
para as masmorras da esperança
a escuridão da noite e a voz
que permanece muda
no atalho da distância.
O brilho das coisas raras esconde-se
na seiva dos lírios e num desejo
feito cobiça de águas invioladas
onde se atrevem temerários sonhos;
os últimos sobreviventes
do amor e da morte. Reféns
suspensos de grandes asas
que se despenham fazendo estremecer
os alicerces dos homens e das casas.
Apanho-os do chão, labareda feita água
na plenitude do nada, dura solidez
em que me sinto e me distraio
quando
atravesso o rio e os meus passos
lentamente marginais
não alcançam como dantes
os desígnios dos espaços siderais
e uma nota em dó menor
atormenta o sono das pedras.
Quando
ao cair da tarde uma folha seca
soa em corrupio no vento
e desaparece sem o regresso
do sol ao firmamento.
Laura Santos quando
no mofo dos dias
os braços da aurora me acordam
e do peito uma ave se solta em voo de luz
em direcção à nora
onde os meus olhos bebem a manhã
na névoa do velho alcatruz.
Quando
os raios do meio-dia escorrem
pelas paredes num lamento
e o calor refugiado na sombra
não me refresca o pensamento
na hora dorida que se arrasta
sem vontade de morrer na lonjura
que de ti me afasta.
E é vertical a tua lembrança
caindo a prumo. Transportando
para as masmorras da esperança
a escuridão da noite e a voz
que permanece muda
no atalho da distância.
O brilho das coisas raras esconde-se
na seiva dos lírios e num desejo
feito cobiça de águas invioladas
onde se atrevem temerários sonhos;
os últimos sobreviventes
do amor e da morte. Reféns
suspensos de grandes asas
que se despenham fazendo estremecer
os alicerces dos homens e das casas.
Apanho-os do chão, labareda feita água
na plenitude do nada, dura solidez
em que me sinto e me distraio
quando
atravesso o rio e os meus passos
lentamente marginais
não alcançam como dantes
os desígnios dos espaços siderais
e uma nota em dó menor
atormenta o sono das pedras.
Quando
ao cair da tarde uma folha seca
soa em corrupio no vento
e desaparece sem o regresso
do sol ao firmamento.
Foto de Nancy Wilde
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