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sexta-feira, 5 de junho de 2015

David Mourão-Ferreira //// Penélope



 “Penélope”



 Mais do que um sonho: comoção!
 Sinto-me tonto, enternecido,
 quando, de noite, as minhas mãos
 são o teu único vestido.

 E recompões com essa veste,
 que eu, sem saber, tinha tecido,
 todo o pudor que desfizeste
 como uma teia sem sentido;
 todo o pudor que desfizeste
 a meu pedido.
 Mas nesse manto que desfias,
 e que depois voltas a pôr,
 eu reconheço os melhores dias
 do nosso amor.

David Mourão-Ferreira   




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