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Passeios na relva
Gosto de caminhar sobre a relva
molhada ___ de preferência
não arrasto os pés
tento com isso
contornar o silêncio
Depois sento-me e contemplo
os sapatos molhados
os mais claros que tinha
assim as marcas da água
são mais visíveis
Sentado num banco de jardim
a olhar os sapatos molhados
___ quem passa
confunde-me com um velho
dobrado sobre a tristeza óssea
da sua velhice
Os melros também me rondam
esses pássaros pretos da cidade
alimentam esperanças
de que eu os alimente
esperam que abra a mão
e deixe cair miolos de pão a brilhar
E eu continuo aqui sentado
à espera ___ tanto tempo depois
já nem sei bem de quem ou de quê
por isso passeio na relva molhada
para matar o tempo.
Sento-me de novo e amparo
uma lágrima que o vento chamou.
1 comentário:
Passeios ao infinito em constante rodopio, erva fresca germinada tem piso escorregadio e os sonhos quando caem deixam no céu um sombrio !!!...
Beijo Conde
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