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quinta-feira, 16 de junho de 2022

Poesia

 


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Passeios na relva



Gosto de caminhar sobre a relva

molhada ___ de preferência 

não arrasto os pés 

tento com isso 

contornar o silêncio

Depois sento-me e contemplo

os sapatos molhados

os mais claros que tinha

assim as marcas da água 

são mais visíveis 

Sentado num banco de jardim

a olhar os sapatos molhados

___ quem passa 

confunde-me com um velho

dobrado sobre a tristeza óssea

da sua velhice

Os melros também me rondam

esses pássaros pretos da cidade

alimentam esperanças 

de que eu os alimente

esperam que abra a mão 

e deixe cair miolos de pão a brilhar

E eu continuo aqui sentado

à espera ___ tanto tempo depois

já nem sei bem de quem ou de quê 

por isso passeio na relva molhada

para matar o tempo. 

Sento-me de novo e amparo 

uma lágrima que o vento chamou.











1 comentário:

mariferrot disse...

Passeios ao infinito em constante rodopio, erva fresca germinada tem piso escorregadio e os sonhos quando caem deixam no céu um sombrio !!!...


Beijo Conde