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quarta-feira, 29 de junho de 2022

Manuel Bandeira

 

Photo: Saul Leiter

















Ardo em desejo na tarde que arde! 
Oh, como é belo dentro de mim 
Teu corpo de ouro no fim da tarde: 
Teu corpo que arde dentro de mim 
Que ardo contigo no fim da tarde! 

Num espelho sobrenatural, 
No infinito (e esse espelho é o infinito?...) 
Vejo-te nua, como num rito, 
À luz também sobrenatural, 
Dentro de mim, nua no infinito! 

De novo em posse da virgindade, 
- Virgem, mas sabendo toda a vida - 
No ambiente da minha soledade, 
De pé, toda nua, na virgindade 
Da revelação primeira da vida!


Manuel Bandeira





1 comentário:

adry disse...

(... Sou o arrepio das folhas
Na Bebedeira do vento.
Amar é ser tudo. Isto.
Amar é crescer por dentro
..)
.
Bjo