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terça-feira, 3 de maio de 2022

Pedro Tamen

 

Foto: Peter Bowers












Serão precisos remos pra chegar 
à fixidez de azeite onde se aporta,
onde se para, onde se tara e corta,
ao porto morto para se fundear

no fundo denso onde não há sossego 
que não é o da pedra ou o do cuspo
que sobre ela se poise, onde sem custo 
por sob o mar se surpreende o pego?

Serão precisos remos? Navegar 
é linha que se segue qual retorta
de alambique de timon cegoeiro,

e a carta em que se pode marear
é um branco fatal em rosto morto
entre os cais donde parto e a que chego.


Pedro Tamen




 

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