QUANDO EU AINDA SOU A VIDA
A vida me rodeia, como naqueles anos
já perdidos, com o mesmo esplendor
de um mundo eterno. A rosa cortada
do mar, as luzes caídas
dos pomares, o fragor das pombas
no ar, a vida em torno de mim,
quando ainda sou vida.
Com o mesmo esplendor e envelhecidos olhos,
e um amor fatigado.
Qual será a esperança? Viver ainda;
e amar, enquanto se esgota o coração,
um mundo fiel, embora perecível.
Amando o sonho roto da vida
e, ainda que não pudesse ser, não maldizer
aquele antigo engano do eterno.
E o peito se consola, porque sabe
que o mundo pode ser uma bela verdade.
Francisco Brines
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