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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

........ Eugénio de Andrade







                                                                       
Agora regresso à tua claridade.

Reconheço o teu corpo, arquitectura
de terra ardente e lua inviolada,
flutuando sem limite na esperança
da noite cheirando a madrugada.

Acordaste na aurora, a boca rumorosa
de um desejo confuso de açucenas;
rosa aberta na brisa ou nas areias,
alta e branca, branca apenas,
e mar ao fundo, o mar das minhas veias.

Estás de pé na orla dos meus versos
ainda quente dos beijos que te dei;
tão jovem, e mais que jovem, sem mágoa
- como no tempo em que tinha medo
que tropeçasses numa gota de água.

EM - AS PALAVRAS INTERDITAS/ ATÉ AMANHà- EUGÉNIO DE ANDRADE - ASSÍRIO & ALVIM

1 comentário:

mariferrot disse...

Claridade,é o que não falta na Obra deste Grande Poeta,que clara e declaradamente persegue a hipocrisia,em todas as sedes, venha ela donde vier e tenha o rosto que tiver. Homem verdadeiro não abraçou o fácil nem o comum conveniente da sociedade. A sua cabeça sofreu com tanto desfasamento !!!... <3

Bj Conde