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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

João Dimas Fiotte







                          POESIA
QUERO
Sentir os teus beijos
sonhar o calor real da tua carne
satisfazer os teus íntimos desejos
Ondular na espuma do teu corpo, Amar-te ......
Quero ser contigo
o amor provável
o romance proibido
a pagina marcada no livro da vida
o inesquecível
Quero a realização dos tempos contigo
Aqui onde o sonho começa ilustrando a vida real
Seremos o presente e o infinito conciliável
João Dimas Fiotte
In, " AMOR PROIBIDO " à procura de editores
Autor: João Dimas Fiotte


.............. DE LUADIURNA








                       



POEMA
guardei para ti as madrugadas do sonho
quando disse que te amava
e os meus olhos plenos de ti escorreram
pelo sol que era a lua encostada no teu rosto
beijos de ternura nasceram nos meus lábios
e o sorriso onde a realidade ainda não doía
levitava nesse querer ver~te em toda a parte
e nada mais havia senão o teu rosto e o teu nome
hoje sei que o tempo me doi e me enlouquece
e as lágrimas que me adentram são inúteis
as palavras trazem novas de outros rumos
e a saudade há-de gelar e o sol será a sombra
e a sombra um resquício dos enganos onde a verdade
nunca foi mais do que um sonho em sobressalto
um dia rir-me-ei de ser menina
nesse dia serei mais adulta mais mulher
será tarde ,digo eu, mas será ainda cedo p'ra saber
que há um tempo em que se sofre por se amar
uma sombra perseguida na memória
ninguém muda assim tanto de si mesmo
e esse será o tempo de partir
Isabel Sousa (luadiurna)


sexta-feira, 28 de agosto de 2020

… Manuel Bandeira







     POESIA
Nu
Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.
Teus exíguos
— Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos —
Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu’alma
Nua, nua, nua…
Manuel Bandeira
Tu e Maria Esmeralda Pinto

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

POEMA DA ESPERA






         

POEMA DA ESPERA


Talvez seja melhor
Que não venhas.
Ou, melhor ainda se nunca
tivesses vindo.

Porque se assim fosse
Não sentiria
O que estou sentindo
Tamanha ausência de significado.

Talvez seja melhor
Que não venhas.
Podes não ser
Mais nada do que foi
E só matar
O que houve entre nós dois.

Tanto tempos separados
Deve fazer diferença
E se, de repente,
Somos dois estranhos?

Não, é melhor que não venhas.
Melhor permanecer, como agora,
Sem saber por quais caminhos,
Lugares e bancos
Os teus sonhos repousam.

No entanto há uma parte de mim
Que insiste
Em que, de fato, jamais partistes.
E ainda sonha
Com os dias gloriosos
De tua volta
E me sussura
Que não te esquecerei.

Talvez seja melhor que não venhas-
Repito, ansioso, por ouvir tua voz rouca
Me chamar, novamente, de “Meu lindo”!

R y k @ r d o





              TROCADILHO DE SONHO



.
Como me podes pedir que te esqueça
Quando és a luz do meu amanhecer
.
Como me podes dizer que não existes
Se resides dentro do meu pensamento
.
Sabes que és a nota, a feliz melodia
A musa que guia o meu imaginário
.
Como me podes dizer que tudo é ilusão
Que trago na mente e não no coração
.
Como me podes pedir que não te abrace
Como me podes dizer que não és o luar
.
Dizes-me para que rejeite a solidão
Que tu és apenas um sonho que vivo
.
Se o amor é a doce magia do coração
Embora tantas vezes o não pareça
.
Não me podes dizer que tudo é ilusão
Não me podes pedir que te esqueça
...
" R y k @ r d o "

EXPLICAÇÃO







                     

EXPLICAÇÃO



Eu te amo por te amar
da forma que te amo.
Eu te amo, talvez,
por teu suave jeito de ser,
por te achar linda vestida de amarelo,
por teu olhar tão belo.
Ou, quem sabe seja
por não me dizeres nada
quando nada tens para me dizer.
Te amo, quem sabe,
por uma necessidade, um desejo natural
tão sublime, quanto animal.
Eu te amo somente por saber
que, ao teu lado, me sinto feliz,
me sinto bem.
E quando desejo teu amor vens,
me beijas docemente
e o mundo fica diferente.
Te amo, certamente, porque me amas
ou assim me parece.
Te amo por, nas minhas preces,
ter pedido sempre para te amar
e por não saber explicar
porque te amo.
Eu te amo porque te amo.

Postagem de spersivo/br.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

João Luís Barreto Guimarães








                 


POESIA
A meias
Bebo o meu café enquanto bebes
do meu café. Intriga-me que faças isso.
Se te posso pedir um...
(se podes tomar um igual)
porque hás-de querer do meu?
Que
não. Que não queres. Escuso
de pedir
que não queres. Então
começo
um cigarro e tu fumas do
meu cigarro dizes
«tenho quase a certeza de
não acabar um sozinha» por isso
fumas do meu. Dá-te
gozo esse roubar
de
leves goles furtivos
dá gozo participar
do prazer que eu possa ter
contigo
(e entre nós)
dá-se agora tudo
a meias.
João Luís Barreto Guimarães



O MAIOR PERDÃO







                        

O MAIOR PERDÃO


                              

Cantarei para você uma canção de amor.
Sei que, com minha entonação e voz
será um horror,
todavia, os belos versos da canção
dirão
que igual a uma tangerina,
retirada a casca grossa,
meu amor será suculento
e cheio de uma doçura irreal,
apesar de nada musical.
E se olhares nos meus olhos,
verás a ternura
e, talvez, sejas capaz,
apesar dos ouvidos feridos,
de ter a tentação
de me beijar como forma de perdoar
tanta falta de noção.
E será, não tenha dúvida,
a maior forma de perdão
de toda a criação.

By spersivo/ Br.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

LÍLIA TAVARES








                 POESIA

TERRA
Beijas-me como o escultor
que molda e dá forma
à argila branda e molhada.
Terra me sinto e respiro
pelos poros mais ocultos
que a noite oferece e nos envolve.
Não é macia esta penetração azul
de grânulos e rumores longamente à espera.

Soltam-se silvos de vento e murmúrios
profundos nesta escultura
que tem voz. E desejo. E cheiro a terra.
Porque há beijos mais profundos do que as
águas.

LÍLIA TAVARES
Em RIO DE DOZE ÁGUAS, 12 POETAS (Coisas de Ler Ed., 2012)