POEMA
Pele
Tudo acorda em mim enevoado
quando em mim te afundas e te deitas.
Um torpor, um arrepio na espinha
quando nas minhas coxas te ajeitas
em leve murmúrio abafado
numa vontade que já não é minha.
Seiva, saliva, humidade de poros,
vaga de lume batida em corpo salgado
tropicais cascatas e meteoros
oscilando em revolta navegação
como calado de barco afogado
fogo liberto em silêncio de amarração.
A minha pele adormecida
é avida de astrolábios desconcertados
de tanta sede acometida.
De gestos de ternura perfumados
de sol, chuva e frescas nuvens
de mastros de coragem levantados.
Mas tu hoje não vens.
Laura Santos
Nú sentado Picasso
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