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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Nuno Júdice






POESIA
Fogo

Eu, sabendo que te amo, 
E como as coisas do amor são difíceis, 
Preparo em silêncio a mesa 
do jogo, estendo as peças 
sobre o tabuleiro, disponho os lugares 
necessários para que tudo 
comece: as cadeiras 
uma em frente da outra, embora saiba 
que as mãos não se podem tocar, 
e que para além das dificuldades, 
hesitações, recuos 
ou avanços possíveis, só os olhos 
transportam, talvez, uma 
hipótese de entendimento. É então que chegas, 
e como se um vento do norte 
entrasse por uma janela aberta, 
o jogo inteiro voa pelos ares, 
o frio enche-te os olhos de lágrimas, 
e empurras-me para dentro, onde 
o fogo consome o que resta do nosso quebra-cabeças.


Nuno Júdice

1 comentário:

mariferrot disse...

Sem perder a menor porção de beleza poética Nuno Júdice neste poema cria um cenário de amor que mais parece construído cima de ruínas !!!... <3

Bj Conde