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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

David Mourão Ferreira






POESIA
As últimas vontades


Deixa ficar a flor,
a morte na gaveta,
o tempo no degrau.
Conheces o degrau:
o sétimo degrau
depois do patamar;
o que range ao passares;
o que foi esconderijo
do maço de cigarros
fumado às escondidas...
Deixa ficar a flor.
E nem murmures.Deixa
o tempo no degrau,
a morte na gaveta.
Conheces a gaveta:
a primeira da esquerda,
que se mantém fechada.
Quem atirou a chave
pela janela fora?
Na batalha do ódio,
destruam-se,fechados,
sem tréguas,os retratos!
Deixa ficar a flor.
A flor? Não a conheces.
Bem sei.Nem eu.Ninguém.
Deixa ficar a flor.
Não digas nada.Ouve.
Não ouves o degrau?
Quem sobe agora a escada?
Como vem devagar!
Tão devagar que sobe...
não digas nada.Ouve:
é com certeza alguém,
alguém que traz a chave.
Deixa ficar a flor.


David Mourão Ferreira

A imagem pode conter: comida

.............. Pintura de ; From Paul Cézanne: Still Life with Milk Jug and Fruit, c. 1900.
De Paul Cézanne: ainda a vida com jarro de leite e fruta, c. 1900
.

Uma poesia de Maurice Scève












Délie. Moins je la voy...

Maurice Scève

Moins je la voy, certes plus je la hays:
Plus je la hays, et moins elle me fasche.
Plus je l'estime, et moins compte j'en fais:
Plus je la fuys, plus veulx, qu'elle me sache.
En un moment deux divers traicz me lasche
Amour et hayne, ennuy avec plaisir.
Forte est l'amour, qui lors me vient saisir
Quand hayne vient et vengeance me crie:
Ainsi me faict hayr mon vain désir
Celle, pour qui mon coeur toujours me prie.

DÉLIA. QUANTO MENOS A VEJO

Quanto menos a vejo, com certeza mais odeio:
Quanto mais a odeio, menos ela me atormenta.
Quanto mais valorizo e menos a acho em conta:
Quanto mais a levo, melhor ela me entende.
Num momento os dois diversos me fazem covarde
Amor e ódio, entediados de prazer.
Forte é o amor que vem me reter
Quando o ódio me pede vingança:
E devo odiar assim o vão desejo
Por quem meu coração sempre me implora.

Ilustração: Igreja vivo por ti.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

............. MÚSICA para adormecer.........









Música linda, eles dançam lindamente. Eu gosto de ouvir estas melodias nostálgicas.

NOTA :
Um belo par e uma performance incrível.

............ MÚSICA / Georges Brassens










"Amantes de bancos públicos" (com palavras) - Georges Brassens



NOTA :

                Sempre que me sento em um banco público, penso directamente nesta obra-prima de Brassens ... um poeta contemporâneo que usou a música para espalhar seu talento literário e que temos dificuldade em encontrar hoje em dia.

.... MÚSICA / Frida BOCCARA "Não me deixe" - ao vivo em 1970.












Uma das capas mais bonitas do famoso padrão Brelien "Não me deixe", feita por FRIDA BOCCARA. Acompanhamento de piano: Lina Boccara. Uma das versões mais bonitas da balada de amor de Jacques Brel "Não me deixe", canta Frida Boccara. Ao piano, sua irmã Lina Boccara.


NOTA :
Lindamente interpretado por frida, para ela a música é natureza.Lindamente interpretado por frida, para ela a música é natureza.




........... FADO / ALFREDO MARCENEIRO - A CASA DA MARIQUINHAS












ALFREDO MARCENEIRO - A CASA DA MARIQUINHAS

"Alfredo Marceneiro não é o melhor do fado, ele é o próprio fado".

 O ti Alfredo era único na sua interpretação. É pena não lhe poderem levar a notícia da elevação do fado a Património Imaterial da Humanidade?...


A casa da Mariquinhas, com letra de Silva Tavares, é um fado muito descritivo e, quando cantado por Marceneiro, as cenas e a personalidade dos personagens dos versos, saltam directamente da música para diante dos nossos olhos, a tal ponto, que o próprio Alfredo aplicou os seus dotes de carpinteiro na construção de um modelo da casa, com. todos os pormenores, em madeira na escala de 1:10!
Esta composição teve um tal êxito, que se tornou numa sequela, uma vez que outros poetas e fadistas continuaram, por mão própria, a contar a história da Mariquinhas..

............ PARA RIR.......................






O marido está em casa a ver um jogo de futebol, quando a mulher sai e volta logo a seguir, dizendo-lhe:

- Querido, podes arranjar o meu carro? Ele parou de funcionar assim que saiu da garagem....

- Consertar o teu carro? Estás a ver Fiat escrito na minha testa?

A mulher volta à carga:

- Então podes arranjar a porta do frigorífico? Ela não está a fechar bem...

E ele respondeu:

- Arranjar a porta do frigorífico? Estás a ver Siemens escrito na minha testa?

- Está bem - disse ela. Então podes pelo menos trocar a lâmpada da porta da frente? Ela está queimada há semanas.

E o marido:

- Trocar a lâmpada da porta da frente? Estás a ver Philipps escrito na minha testa? Eu não te aguento mais! Vou para o bar beber umas cervejas!

Assim fez e bebeu durante algumas horas. Entretanto, começou a sentir-se culpado pela forma como tinha tratado a mulher e decidiu voltar para casa e ajudá-la. Ao chegar a casa viu que o carro já estava na garagem e a luz da porta de entrada já funcionava.

Dirigiu-se ao frigorífico em busca de uma cerveja e percebeu que a porta do mesmo também tinha sido arranjada.

- Querida - perguntou ele - como é que todas estas coisas foram arranjadas?

E ela respondeu:

- Bem, quando tu saíste, eu sentei-me lá fora e estava a chorar. Então, apareceu um jovem muito simpático, que me perguntou o que é que me tinha acontecido e eu contei-lhe. Ele ofereceu-se para arranjar tudo, e eu só tinha que escolher entre ir para a cama com ele ou fazer-lhe um bolo.

O marido disse:

- Então, que tipo de bolo é que lhe fizeste, meu amor?

Ao que ela respondeu:

- Helloooooooo! Tu estás a ver 'DANCAKE' escrito na minha testa?

Moral da história:

Marca que não dá assistência...
Abre espaço à concorrência


Música / Simon & Garfunkel - Sound of Sience












Simon & Garfunkel - Sound of Sience

Ouçam esta maravilha composta há quase 50 anos por estes rapazes que a cantam


NOTA :

"O som do silêncio" - além da melodia doce, a letra é encantadora... é uma daquelas canções que não tem tempo, será sempre agradável, emocionante aos ouvidos. Reflexiva, poética, de uma simplicidade e imensa beleza entre o bucólico e o sufocante desenvolvimento da grande cidade; entre os sons que crescem desmedidamente sem sentido, sem significado, em um silêncio profundo do ser       

Sophia de Mello Breyner Andresen







































Estranha noite velada, 
Sem estrelas e sem lua, 
Em cuja bruma recua 
Fantasma de si mesma cada imagem.

Jaz em ruínas a paisagem, 
A dissolução habita cada linha. 
Enorme, lenta e vaga 
A noite ferozmente apaga 
Tudo quanto eu era e quanto eu tinha.

E mais silenciosa do que um lago, 
Sobre a agonia desse mundo vago, 
A morte dança 
E em seu redor tudo recua 
Sem força e sem esperança. 

Tudo o que era certo se dissolve; 
O mar e praia tudo se resolve 
Na mesma solidão eterna e nua.
 


Sophia de Mello Breyner Andresen

Maria Teresa Horta







Photo: Man Ray








































Canto o teu corpo
passados esses anos:

o prazer que me
acendes
o espasmo que semeias

A seara das pernas
o peito
os teus dentes

a língua que afago
e as ancas estreitas

Canto a tua
febre
fechada no meu ventre

Canto o teu
grito
e canto as tuas veias

Canto o teu gemido
teu hálito
teus dedos

Canto o teu corpo
amor que me encandeia 



Maria Teresa Horta

E, de volta, a notável Delmira Agustini











EXPLOSIÓN

Delmira Agustini

¡Si la vida es amor, bendita sea!
¡Quiero más vida para amar! Hoy siento
Que no valen mil años de la idea
Lo que un minuto azul de sentimiento.

Mi corazón moría triste y lento...
Hoy abre en luz como una flor febea;
¡La vida brota como un mar violento
Donde la mano del amor golpea!

Hoy partió hacia la noche, triste, fría,
rotas las alas mi melancolía;
Como una vieja mancha de dolor

En la sombra lejana se deslíe...
¡Mi vida toda canta, besa, ríe!
¡Mi vida toda es una boca en flor

EXPLOSÃO

Se a vida é amor, bendita seja!
Quero mais vida para amar! Hoje sinto
Que não valem mil anos da ideia
Do que um minuto azul de sentimento.

Meu coração morria triste e lento...
Hoje abre em luz como uma flor brilhante
A vida brota como um mar violento
Onde a mão do amor golpeia!

Hoje partiu até a noite, triste, fria
Rôtas as asas da melancolia
Como uma velha mancha de dor

Na sombra distante escorreguei...
Minha vida toda canta, beija, ri!
Minha vida toda é uma boca em flor

Delmira Agustini

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

.............. FADO / HERMÍNIA SILVA - ROSA ENJEITADA











HERMÍNIA SILVA - ROSA ENJEITADA

Para este clássico do fado português escolhi Hermínia Silva (a segunda fadista mais amada em Portugal a seguir à Amália) pelos seus requebres de voz (únicos) quando pergunta: ..."afinal, desventurada, quem és tu?...". O fado da Rosa Enjeitada foi estreado na Revista com o mesmo nome e tinha como intérpretes, precisamente , a Hermínia e Berta Cardoso que desempenhava o papel de Rosa Enjeitada. A letra do fado resume, digamos assim, o trama que enformava o melodrama (1901) da autoria de D. João da Câmara: na história, a Rosa Enjeitada é uma prostituta que vive com Francisco a quem ama e sustenta pensando mudar de vida mas sem coragem para o fazer... até ao dia em que conhece João, rapaz simples, honesto e trabalhador, uma antítese do outro e desse encontro nasce o amor verdadeiro e a esperança de uma nova vida... afinal uma história de sempre. O filme está enriquecido com fotografias raras da época para "compensar" a qualidade do som do disco de 78 rotações.


A interpretação está absolutamente genial e o conjunto de fotos de um valor que não tem explicação!

............ Música / ENGATATÃO DAS DÚZIAS - ALFREDO FARINHA E ELSA COIMBRA











ENGATATÃO DAS DÚZIAS - ALFREDO FARINHA E ELSA COIMBRA
Cantar à desgarrada ou se preferirem ao "desafio" caracteriza-se por ser entoado alternadamente por duas pessoas (até podem ser por mais) sendo a letra geralmente improvisada. Canta-se à desgarrada por todo o país, nas festas de casamento, mas também por todo o mundo. Na América do Sul, Brasil e Colômbia, chamam-lhes os "repentistas", cantam aquilo que sai num repente. Na Galiza, cantar ao desafio é denominado "regueifa" que era o bolo de casamento que os noivos ofereciam a quem, de entre os moços, fosse o melhor cantador a desafiar os outros, sempre improvisando, a reclamar a regueifa, por isso lhes chamavam os "reguefeiros". Na zona de Lisboa também há desgarradas sob a forma de fado castiço. No Alentejo canta-se ao desafio de duas formas: ao "balcão" e ao "despique". Nesta última forma dá-se um mote, pega-se num tema e desenvolve-se. No cantar ao "balcão", canta-se à balda, responde-se e vai-se improvisando.


Aqui, temos o Fernando Farinha e a Elsa Coimbra: "ele, engatatão, ela, a dar-lhe para trás".



.......... Música / ELVIS PRESLEY - MARTINA MCBRID - BLU CHRISTMAS










ELVIS PRESLEY - MARTINA MCBRID - BLU CHRISTMAS


Ele morreu em 1977 e ela nasceu em 1966. Quarenta anos distanciados no tempo: ela está a cantar em 2008 e ele em 1968 mas unidos pela tecnologia... prodígios de uma montagem feita em computador e que nos dá a ilusão quase perfeita de que se trata de uma aparição conjunta dos dois artistas... reparem na reacção do público quando ela entra em cena ou quando ela canta e ele apenas toca... a única observação a fazer é que ele só olha para o lado em que ela está no fim da apresentação. Veja e ouça com atenção... vários espetáculos num só!


Elvis inesquecível !!!

............... Música / PIANISTA SEM BRAÇOS









PIANISTA SEM BRAÇOS

Liu Weu, 23 anos, é a mais recente estrela chinesa. Venceu o Concurso de Talentos da China, congénere daquele que projectou para a fama Susan Boyle, no Reino Unido. A determinação do jovem em tocar piano, mesmo sem braços, valeram-lhe rasgados elogios aos quais, o jovem Liu respondeu com um desconcertante: "Pelo menos tenho um par de pernas perfeitas". O pianista deverá assinar agora um contrato com a produtora para lançar um disco .

NOTA :  

             Muito lindo! Uma grande lição de vida para "àqueles" que mutilados, acham que a vida terminou, mas na verdade pode está começando... e para muito melhor! Enfim... adorei este vídeo!

........... FADO / AMÁLIA RODRIGUES - O BARCO NEGRO (letra de David Mourão Ferreira)










Foi este fado, cantado no filme "Amantes do Tejo" (1955), que mais contribuiu para lançar a carreira internacional de Amália. No ano seguinte estava a cantá-lo no Olympia de Paris e a partir de então por todo o mundo, fascinando com o talento da sua voz e qualidade das suas interpretações, seduzindo numa língua que muito poucos entendiam, acompanhada apenas por duas simples guitarras. Do Japão às Américas e a quase todos os países da europa, especialmente os de leste, Rússia, Roménia, Hungria, etc... onde era muito fácil encontrar pessoas que se comoviam ao escutá-la.



.... PARA VARIAR . ..................







OUTROS TEMPOS…

Pelo teor das recomendações morais que a seguir transcrevo de Revistas portuguesas dos anos 50 e 60 mais diria que, sobre elas, mais de um século se teria passado mas é justo dizer, até porque eu sou desse tempo, que sendo esta a moral oficial do Regime apoiado esmagadoramente por uma Igreja Católica clerical, reaccionária, cínica e bafienta, estava longe de corresponder àquilo que muita gente já nessa altura pensava.

Frases retiradas de Revistas Femininas das décadas de 50 e 60:

-“Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas” (Jornal das Moças, 1957)

-“Se desconfiar da infidelidade do marido a esposa deve redobrar o seu carinho e provas de afecto”. (Revista Cláudia 1962)

-“ A desarrumação numa casa de banho desperta no marido a vontade de tomar banho fora de casa”. (Jornal das Moças 1965)

-“ A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos”. (Jornal das Moças 1959)

-“ Se o seu marido fuma, não arranje zangas pelo simples facto de cair cinza nos tapetes. Tenha cinzeiros espalhados por toda a casa.”
(Jornal das Moças 1959”)

-“A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar a uma mulher que não tenha resistido a experiências pré-nupciais, mostrando que era perfeita e única tal como ele a idealizara” (Revista Cláudia, 1962)

-“Mesmo que um homem consiga divertir-se com a sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu” (Revista Querida 1954)

-“O noivado longo é um perigo” (Revista Querida1953)

-“É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido” (Jornal das Moças 1957)

E, finalmente:

“ O lugar da mulher é no lar, o trabalho fora de casa masculiniza” (Revista Querida 1955)
A submissão da esposa ao marido alternava, depois, com a submissão dele ao patrão, na fábrica e na Repartição, ao chefe.

Este foi o Portugal que as novas gerações herdaram e que foi vivido, pelo menos, pelos seus avós.


Estas Revistas eram respeitadas e tinham força dentro do regime e hoje, perante certos comportamentos, parece que nos esquecemos deste passado ainda tão recente.

                              [images.jpg]

............... JAZZ . ......................











Benny Goodman Orchestra "Sing, Sing, Sing" Gene Krupa - Drums, from "Hollywood Hotel" film (1937)



Goodman, Krupa, James e Berrigan. Este é um clássico de jazz.

Um óptimo baterista e showman. Um dos grandes artistas de todos os tempos.

A imagem pode conter: planta, flor e natureza

MORTALMENTE SÉRIO....









Como dica de fim-de-semana :



A vida é agradável. A morte pacífica. A transição é que é perturbadora.


Woody Allen, que provavelmente também leu este pensamento, dizia de outra maneira:

Não é que eu tenha medo de morrer; só não quero estar presente quando isso acontecer.

.............. Video ... UMA VOZ DO CÉU . ..................












NOTA :   
                    Não esperava que "" estes "" . vocais saíssem da boca de um homem ... simplesmente lindo,

.............. Sobre um filme....






Chuva em New York


Fui ver o último filme de Woody Allen, Um dia de chuva em Nova Iorque, e, confesso, gostei bastante. Mas duvido que, comercialmente, ele possa constituir um sucesso. 
A sua paixão por aquela cidade continua a ter o mesmo fulgor, mas nota-se – noto eu -, no realizador uma melancolia mais acentuada, por não poder estar lá, ou melhor, por não o deixarem viver lá. Aliás, os americanos, com o seu tremendo puritanismo, continuarão a não poder ver mais este seu filme.
É uma história de amor, contada “a prestações”, que põe à vista muitos comportamentos da sociedade actual e, como sempre, tem momentos fabulosos. Exemplo disto, é a conversa a dois, olhos nos olhos, que a mãe decide ter com o filho e que, a meu ver, constitui um dos grandes momentos da película. 
Eu saí da sala com a impressão de ter visto algo diferente de uma comédia e que mexeu comigo. Creio ser, repito, uma fita que exige do espectador uma grande capacidade de saber ler nas entrelinhas...
Um espectáculo a não perder para uma mente aberta e um gosto muito especial por Woody Allen!


NOTA :     
                Se todos envelhecessem assim, a produzir obras destas que bom que seria.

.......... Nem sempre poesia.






Uma Loira que de Burra não tinha nada!


No escritório:

– Conheço uma maneira de conseguir uns dias de folga! – diz o empregado à sua colega loira.

– E como é que vais fazer isso? – diz a loira.

– Vou demonstrar.

Nisto, ele sobe pela viga, e pendurou-se de cabeça para baixo no tecto. 
Nesse momento o chefe entrou, viu o empregado pendurado no tecto e perguntou:
– Que diabo você está a fazer aí?

– Sou uma lâmpada. – respondeu o empregado.

– Hummm…acho que você precisa de uns dias de folga. 
Vá para casa.

Ouvindo isto, o homem desceu da viga e dirigiu-se para a porta.

A Loira preparou-se imediatamente para sair também.

O chefe puxou-a pelo braço e perguntou-lhe:
– Onde você pensa que vai?

– Eu vou para casa! Não consigo trabalhar às escuras!

BOA SEMANA! 

sábado, 26 de outubro de 2019

Ana Marques Gastão







NOCTURNOS



Quando pela noite chegas dissolvem-se as trevas
e eu partir não quero , porque esta é a noite
que ilumina o dia , conto do silêncio , eco subtil
no discurso do mundo . Quando pela noite chegas
é meu o teu amor , e a morte tarda como mel.



Ana Marques Gastão



são reis






UM MAIS UM

Amei-te com a pureza dos gestos
e a desarmada inocência
com a ternura dos olhos
e a voluptuosidade da paixão
com os sujeitos feitos verbos
e todos os adjectivos que consegui
colocar ao sentimento que tinha
Amei-te com as mãos e a loucura
das noites e dos dias
com os gestos desenfreados 
de quem arrisca
com a sede do verbo
e a fome da carne
com todos os gritos e
com todas as lágrimas

hoje, no entanto,
só quero conseguir
dizer-te
definitivamente adeus
com as mesmas mãos 
que tanto te abraçaram

são reis                        

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