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quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Maria do Rosário Pedreira






   

Photo: Bill Brandt

































Erguem-se os ventos e contra mim se assanham,
se rebelam, gritam-me fúrias antigas, incontidas,
e assomam às portas assobiando velhas canções tristes.

Dizem que por eles morreram já algumas aves.
E que os trigos cederam à tentação de os seguir
e se perderam para sempre na planície, como as crianças.

Nunca lhes digas o meu nome, não lhes contes que existo.
Guarda-me agora em ti como um outro segredo -
o teu sono era quente, lembro-me da janela do teu quarto
a dar para o céu, os ventos passavam nela devagar,
mas nunca se detinham

e depois, de manhã, acordávamos sempre junto ao sol.



Maria do Rosário Pedreira

1 comentário:

Fatima maria disse...

Nunca lhes digas o meu nome, não lhes contes que existo.
Guarda-me agora em ti como um outro segredo -
o teu sono era quente, lembro-me da janela do teu quarto
a dar para o céu, os ventos passavam nela devagar,
mas nunca se detinham

e depois, de manhã, acordávamos sempre junto ao sol.

beijinho...