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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

António Ramos Rosa
























Quando o corpo é um sorriso aberto ao sol
o alento dança
e o coração estremece como um peixe livre
Pertencemos a um corpo de claridade nua
com a viva delicadeza vegetal
com a transparência do desejo na languidez de um leito
de lentidão aérea e voluptuosa inocência

Toda a terra se torna um país amoroso
e a boca fascinada é concha e água no instante amado
As fontes da palavra jorram de um ventre branco
ou dos cabelos que navegam entre nuvens e veias
Não precisamos procurar a raiz o anel o limite
porque toda a aparência respira nascendo do seu ser
e o fio subtil do silêncio conduz-nos ao jardim
das carícias e dos segredos nupciais
entre as flores do sono num tranquilo ardor

O que queria libertar-se para além dos espelhos
e dos véus das sombras pousou na límpida clareira
onde a corola da terra oferece o seu azul
e o mundo leve renasce navegando nas suas barcas imóveis



António Ramos Rosa


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