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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Ary dos Santos






Soneto de Mal Amar....Invento-te recordo-te distorço 
a tua imagem mal e bem amada 
sou apenas a forja em que me forço 
a fazer das palavras tudo ou nada.
A palavra desejo incendiada 
lambendo a trave mestra do teu corpo 
a palavra ciúme atormentada 
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo: 
Meu terraço de ausência meu castigo 
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo 
chão das palavras mágoa joio e trigo 
apenas por ternura levedadas.



Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'


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1 comentário:

Fatima maria disse...

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.

Beijinho,Conde...