Foste como vieste
nas fronteiras de um desejo....
Ferveu a paixão no sangue,
correram rios nas faces
e sem que disso cuidasses
quedou-se a minha alma exangue.
Tiveste na mão o ensejo
de querer e não quiseste...
Corre-me o fogo nas veias,
soçobra meu pensamento
e no fumo do cigarro
esvai-se a ansiedade.
Procuro a tua verdade
na dúvida , meu tormento,
nesta torre sem ameias
que impus ao meu sentimento
sem a qual eu me desgarro...
Este infantil dilema
de querer e não querer,
é quase um teorema
difícil de resolver.
Quero-te , pede-me a ânsia
em que vivo hora a hora.
Mas esta terrível demora,
como um escopro de artista,
vai modelando na alma
o espectro da distânsia,
a realidade imprevista,
a dor, a resignação, a calma.
Teus olhos de areia...
Teus olhos doces de areia
quentes de sol e lonjura
traziam em si doçura
em vagas de maré cheia...
Ficaram presos nos meus
num minuto-eternidade.
E toda a claridade
se fundiu nos olhos teus.
Soçobrou meu sentimento
nesse areal de promessas
onde descanso sem pressas,
onde colho o meu alento...
Maria Helena Guimaraes
Do livro "" Contigo á lareira "" 2012
1 comentário:
Teus olhos de areia...
Teus olhos doces de areia
quentes de sol e lonjura
traziam em si doçura
em vagas de maré cheia...
Ficaram presos nos meus
num minuto-eternidade.
E toda a claridade
se fundiu nos olhos teus.
Lindissimo!!!!!! saudoso,carinhoso........ bjinho Conde....
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