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segunda-feira, 28 de julho de 2014

João Luís Barreto Guimarães ///// Cicatriz....


Muitas vezes tenho passado pela frente
de tua casa
e encontro a porta fechada. Muitas vezes
no passado toquei para que descesses
era aqui de onde me amavas.
Agora recebe-me a porta cinzenta
e encerrada
só por um mero acaso se
abriria para mim.
Olho o prédio de fora. São
janelas sem legenda
saberia apontar certeiro com os olhos em riste
a que drena o teu quarto (persiana entreaberta para
o véu dos cortinados que
se afastavam se querias apenas
"mais um minuto".
Rasguei as tuas cartas todas. Tenho andado a relê-las
(sempre gostamos de puzzles) e
a foto a preto e branco perdida numa gaveta
fixa agora o sorriso ictérico do tempo.
Dentro
escutam-se vozes. Outro apareceu para jantar.
O sino da torre da igreja desperta
da anestesia
não quero que a memória sobre a ferida
corte fundo. O
doutor tinha avisado
as feridas mais profundas deixam sempre
cicatriz.



João Luís Barreto Guimarães
 
 
 
 
 

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