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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

António Ramos Rosa //// Saúdo a tua sombra




Saúdas a tua sombra
na tua escadaria da noite
Enches os cântaros matinais
com a água azul das derradeiras estrelas
Preparas assim a coluna vertical do dia
mas tens de entrelaçar os signos do vento
e atravessar as silentes passadeiras da água
em que tens de dizer o que na língua oscila
como um talismã incerto que resvala na garganta
És tão anónimo que não sabes que pedra ou ramos hás-de
oferecer
aos vivos para que não se afundem num pântano
É então que inventas uma constelação em forma de barco
e regressas à rugosa identidade terrestre


António Ramos Rosa

Imagem retirada do Google

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