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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Helena Guimaraes /// Amor nos olhos teus
Essa pequena porção
do teu pescoço,
onde, em desalinho,
esvoaça teu cabelo,
move-me, excita-me
suga-me os sentidos.
Como és belo!
O pensamento fantasia,
renascido,
paixão imaginadas,
tão ardentes!
Vivo um mundo à parte
só contigo,
a mente cavalgando
sois poentes...
Tudo, na minha vida
se esfumou
no teu olhar triste
e escondido.
Nesse não sei quê
que vem de ti,
que transtorna meu ser
enlouquecido...
A teus pés coloco,
já vencida,
a alma, o corpo,
o pensamento meu,
a minha liberdade
tão querida,
a Vida , por amor
nos olhos teus!
helena guimaraes
do livro "" Intimidades ""/ 1994
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Pablo Neruda /// Soneto XVII
Soneto
XVII
No te amo como si fueras rosa de sal, topacio
o flecha de claveles que propagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.
Te amo como la planta que no florece y lleva
dentro de sí, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendió de la tierra.
Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera,
sino así de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mía,
tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.
Pablo Neruda
Não te amo como se fosses uma rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, escondida, a luz daquelas flores,
e graças ao teu amor vive obscura no meu corpo
a profunda fragrância que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei te amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que se fecham teus olhos com meu sono.
Laura Santos /// Chuva
Que seria da Primavera sem a chuva do Inverno?...Refresca-nos a alma e faz brotar os perfumes da terra.
CHUVA
Águas caíram, galgaram a margem.
Não há nuvem que sempre dure
Nem leito de rio que perdure
Seco, não vibrante na paisagem.
Choveu. Mesmo agora.
Lá fora e dentro de ti.
Não há no entanto
Desencanto pelas fragas.
Apenas ecos dispersos pelo monte
Anunciando sem mágoas,
A eterna juventude dos deuses
A cintilar em cada fonte.
Pardais partiram em debandada
Sacudindo as pesadas penas
Em esvoaçante, fulminante segundo;
Transportando p'lo imenso arvoredo
Gotas de luz p'ró interior do mundo.Laura Santos
António Aleixo
Que Feliz Destino o Meu
«Que feliz destino o meu
Desde a hora em que te vi;
Julgo até que estou no céu
Quando estou ao pé de ti.»
GLOSAS
Se Deus te deu, com certeza,
Tanta luz, tanta pureza,
P'rò meu destino ser teu,
Deu-me tudo quanto eu queria
E nem tanto eu merecia...
Que feliz destino o meu!
Às vezes até suponho
Que vejo através dum sonho
Um mundo onde não vivi.
Porque não vivi outrora
A vida que vivo agora
Desde a hora em que te vi.
Sofro enquanto não te veja
Ao meu lado na igreja,
Envolta num lindo véu.
Ver então que te pertenço,
Oh! Meu Deus, quando assim penso,
Julgo até que 'stou no céu.
É no teu olhar tão puro
Que vou lendo o meu futuro,
Pois o passado esqueci;
E fico recompensado
Da perda desse passado
Quando estou ao pé de ti.
António Aleixo
«Que feliz destino o meu
Desde a hora em que te vi;
Julgo até que estou no céu
Quando estou ao pé de ti.»
GLOSAS
Se Deus te deu, com certeza,
Tanta luz, tanta pureza,
P'rò meu destino ser teu,
Deu-me tudo quanto eu queria
E nem tanto eu merecia...
Que feliz destino o meu!
Às vezes até suponho
Que vejo através dum sonho
Um mundo onde não vivi.
Porque não vivi outrora
A vida que vivo agora
Desde a hora em que te vi.
Sofro enquanto não te veja
Ao meu lado na igreja,
Envolta num lindo véu.
Ver então que te pertenço,
Oh! Meu Deus, quando assim penso,
Julgo até que 'stou no céu.
É no teu olhar tão puro
Que vou lendo o meu futuro,
Pois o passado esqueci;
E fico recompensado
Da perda desse passado
Quando estou ao pé de ti.
António Aleixo
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
José Régio /// Soneto de amor
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus, não digas nada...
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!
|
José Régio
Rafael de Leon //// Necessito de ti
Rafael
de Leon
Necesito
de ti, de tu presencia,
de tu alegre locura enamorada.
No soporto que agobie mi morada
la penumbra sin labios de tu ausencia.
Necesito de ti, de tu clemencia,
de la furia de luz de tu mirada,
esa roja y tremenda llamarada
que me impones, amor, de penitencia.
Necesito tus riendas de cordura
y aunque a veces tu orgullo me tortura
de mi puesto de amante no dimito.
Necesito la miel de tu ternura
el metal de tu voz, tu calentura,
Necesito de ti, te necesito.
de tu alegre locura enamorada.
No soporto que agobie mi morada
la penumbra sin labios de tu ausencia.
Necesito de ti, de tu clemencia,
de la furia de luz de tu mirada,
esa roja y tremenda llamarada
que me impones, amor, de penitencia.
Necesito tus riendas de cordura
y aunque a veces tu orgullo me tortura
de mi puesto de amante no dimito.
Necesito la miel de tu ternura
el metal de tu voz, tu calentura,
Necesito de ti, te necesito.
Necessito de ti
Necessito
de ti, de tua presença,
de tua alegre loucura enamorada.
Não suporto que oprima minha morada
a penumbra sem lábios de tua ausência.
Necessito de ti, de tua clemência,
da fúria de luz do teu olhar,
desta vermelha e tremenda labareda
que me impões, amor, de penitência.
Necessito de tuas rédeas de cordura
e ainda que, por vezes, o teu orgulho me tortura
de meu posto de amante não me demito.
Necessito do mel de tua ternura
o metal de tua voz, da quentura,
Necessito de ti, te necessito.
de tua alegre loucura enamorada.
Não suporto que oprima minha morada
a penumbra sem lábios de tua ausência.
Necessito de ti, de tua clemência,
da fúria de luz do teu olhar,
desta vermelha e tremenda labareda
que me impões, amor, de penitência.
Necessito de tuas rédeas de cordura
e ainda que, por vezes, o teu orgulho me tortura
de meu posto de amante não me demito.
Necessito do mel de tua ternura
o metal de tua voz, da quentura,
Necessito de ti, te necessito.
Fernando Campos de Castro /// Que mãos são essas
Que mãos são essas que trazes
Essas mãos com que me fazes
Carícias que nunca vi
São duas mãos que se agitam
E em cada gesto me gritam
Palavras que bebo em ti
Que mãos são essas libertas
Nas madrugadas abertas
De cada noite que temos
São duas mãos de ansiedade
A procurarem verdade
Nos sonhos que os dois vivemos
Que mãos são essas tão frias
Essas mãos com que fazias
Carícias como ninguém
Que mãos são essas paradas
Como marés adiadas
Nas praias que o corpo tem
Que mãos são essas distantes
Essas mãos tão inconstantes
Que habitam os sonhos meus
Que mãos são essas erguidas
A lembrarem despedidas
A quem não quer um adeus
Fernando Campos de Castro
Que mãos são essas que trazes
Essas mãos com que me fazes
Carícias que nunca vi
São duas mãos que se agitam
E em cada gesto me gritam
Palavras que bebo em ti
Que mãos são essas libertas
Nas madrugadas abertas
De cada noite que temos
São duas mãos de ansiedade
A procurarem verdade
Nos sonhos que os dois vivemos
Que mãos são essas tão frias
Essas mãos com que fazias
Carícias como ninguém
Que mãos são essas paradas
Como marés adiadas
Nas praias que o corpo tem
Que mãos são essas distantes
Essas mãos tão inconstantes
Que habitam os sonhos meus
Que mãos são essas erguidas
A lembrarem despedidas
A quem não quer um adeus
Fernando Campos de Castro
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Mesmo sem ti....
Mesmo sem ti eu irei!
E nos espaços abertos do infinito
envolverei a minha dor,
para que um dia um céu azul
se abra e dentro dele ecoem
renascidos os cânticos de glória
que a tua mão trará,
quando encontrar na minha
a procura que fizeste
em sonhos que não conhecíamos de amor...
Dante Medina //// Fabulilla de los ojos tristes
Hay
en tus ojos
una
niña triste
que
tiene en los ojos
una
niña triste
con
ojos de niña triste
Entro
a tus ojos
tras
la niña triste
que
huye, huye, huye
hasta
el fondo de tus ojos
y
desde ahí me observa
azorada,
prófuga, mirona.
Vive
una niña
en
la niña de tus ojos
que
tiene una niña en la niña
de
sus ojos
tristes.
Dante
Medina
Fábulazinha dos olhos tristes
Há
nos teus olhos
uma
menina triste
que
tem nos olhos
uma
menina triste
com
olhos de menina triste
Vejo
em teus olhos
além
da menina triste
que
corre, corre, corre
até
o fundo de teus olhos
e
dali me observa
constrangida,
fugitiva, curiosa.
Vive
uma menina
na
menina dos teus olhos
que
tem uma menina na menina
de
teus olhos
tristes.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
São reis
Um poema de São Reis....em jeito de comentário...à tua publicação de ontem:
"morrer não é para mim" e Já agora ao de Miguel Torga srsrsrs
bji
Ousamos
quando a medo atravessamos
as pontes que nos separam de nós
quando queimamos atrás de nós
as pontas do que queremos deixar no passado
Choramos
quando erradamente pensamos
que o passado não nos persegue
e não nos lança finos fios suspensos
como teias de aranha
Enredamo-nos
em lembranças que não esquecemos
Por vezes temos a leviandade de sorrir
outras vezes somos tão fracos e frágeis
que nos despedaçamos de encontro a qualquer coisa
basta que ela se atravesse à nossa frente
Fica-nos a vontade de passar essas pontes
a vontade de irmos de encontro ao que perdemos
e a presunção de que um dia os nossos braços abraçaram
e os nossos olhos lacrimejaram
por alguém ou por alguma coisa
E inconstantes somos
e mais inconstantes seguimos
porque é assim que sabemos avançar
nem que avancemos sem ver muito bem
o caminho que pisamos!
António Ramos Rosa //// Saúdo a tua sombra
Saúdas a tua sombra
na tua escadaria da noite
Enches os cântaros matinais
com a água azul das derradeiras estrelas
Preparas assim a coluna vertical do dia
mas tens de entrelaçar os signos do vento
e atravessar as silentes passadeiras da água
em que tens de dizer o que na língua oscila
como um talismã incerto que resvala na garganta
És tão anónimo que não sabes que pedra ou ramos hás-de
oferecer
aos vivos para que não se afundem num pântano
É então que inventas uma constelação em forma de barco
e regressas à rugosa identidade terrestre
António Ramos Rosa
Imagem retirada do Google
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Sheila Gutiérrez //// Morir no es para mi
MORIR NO ES PARA MI
Sheila
Gutiérrez
Yo
sí le tengo miedo a la muerte.
Pensar
en ella me asusta.
Amo
soñar, cierro los ojos noche tras noche,
pensando
en todo lo que hay que hacer.
Volar,
cruzar, comer, nadar, sentir, amar… vivir.
Vivir…
morir no es para mí.
Cuando
no sueño sí pienso en ella…
Me
asusta verla, todo es oscuro, no hay nada más.
No
más solsticios, no más estrellas, no más cascadas.
Morir
no es para mí.
Me
niego a dejar de respirar.
No
acepto dejar de ver el sol, sus puestas, su brillo.
La
luna, las nubes, el agua y la arena
Yo
sí le tengo miedo a la muerte.
Pensar
en ella me asusta.
Morir
no es para mí.
Me
aterra no tener tiempo para recorrer el orbe,
ver
los colores, oler mil flores,
trepar
montañas, cruzar desiertos.
Yo
sí le tengo miedo a la muerte
Pensar
en ella, me asusta y mucho.
No
quiero verla, no quiero verla
yo
pido tiempo para vivir,
el
mundo es grande y el tiempo poco
yo
quiero verlo de punta a fin.
Hoy
lo he aceptado.
Morir…
no es para mí.
Morrer não é para mim
Se
não tenho medo da morte.
Pensar
nela me assusta.
Gosto
de sonhar, fechando os olhos todas as noites,
pensando
em tudo que há para fazer.
Voar,
cruzar, comer, nadar, sentir, amar ... viver.
Viver
... morrer não é para mim.
Não
durmo quando penso nela ...
Assusta-me
vê-la, tudo é escuro, não há mais nada.
Não
há mais solstícios, nem estrelas, nem mais cachoeiras.
Morrer
não é para mim.
Eu
me nego a parar de respirar.
Me
nego a não ver a luz do sol, o pôr do sol, o seu brilho.
A
lua, as nuvens, a água e a areia
Se
não tenho medo da morte.
Pensar
nela me assusta.
Morrer
não é para mim.
Me
aterra não ter tempo para viajar pelo mundo,
ver
as cores, o perfume de mil flores,
escalar
montanhas, cruzar desertos.
Se
não tenho medo da morte
Pensar
nela me assusta e muito.
Não
quero vê-la, não quero vê-la
Eu
peço tempo para viver,
o
mundo é grande e o tempo pouco
Eu
quero vê-lo do começo ao fim.
Hoje
aceitei.
Morrer...
não é para mim.
Joaquim Pessoa //// Talvez não saibas
Talvez não saibas...
Talvez não saibas
Mas dormes nos meus dedos
De onde fazem ninhos as andorinhas
E crescem frutos ruivos e há segredos
Das mais pequenas coisas que são minhas
Talvez tu não conheças, mas existe
Um bosque de folhagem permanente
Aonde não te encontro e fico triste
Mas só de te buscar fico contente
Ao meu amor quem sabe se tu sabes
Sequer, se em ti existe, ou só demora
Ou são como as palavras essas aves
Que cantam o teu nome e a toda a hora
Talvez não saibas, mas digo que te amo
A construir o mar em nossa casa
Que é por ti que pergunto e por ti chamo
Se a noite estende em mim a sua asa
Talvez não compreendas, mas o vento
Anda a espalhar em ti os meus recados
E que há por do sol no pensamento
Quando os dias são azuis e perfumados
Oh meu amor quem sabe se tu sabes
Sequer, se em ti existe, ou só demora
Ou são como as palavras essas aves
Que cantam o teu nome e a toda a hora
Joaquim Pessoa
Nasceu no Barreiro a 22 de fevereiro de 1948
PARABÉNS POETA!
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Um mpoema de são reis......
Tenho saudade de te ver
de não te ver
de te beijar
de não te beijar
de te tocar
de não te tocarde te ter
de não te ter
sede de ti
e sede sem ti
Tenho saudade de ti
ponto final
Como a árvore tem saudade
do vento que a sacode
e a água da terra que a engole
de um só trago
e os pássaros do calor quente
de uma asa protectora
e o céu das nuvens carregadas
e a lua das estrelas abrilhantadas
Saudades todos os seres vivos têm:
uns de umas coisas , outros de outras
e ponto final...
Saudades não se discutem e gostos também não
São Reis
16-abr-2012
de não te ver
de te beijar
de não te beijar
de te tocar
de não te tocarde te ter
de não te ter
sede de ti
e sede sem ti
Tenho saudade de ti
ponto final
Como a árvore tem saudade
do vento que a sacode
e a água da terra que a engole
de um só trago
e os pássaros do calor quente
de uma asa protectora
e o céu das nuvens carregadas
e a lua das estrelas abrilhantadas
Saudades todos os seres vivos têm:
uns de umas coisas , outros de outras
e ponto final...
Saudades não se discutem e gostos também não
São Reis
16-abr-2012
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Lília Tavares
É por ti que se enchem os rios
de carpas azuis,
de águas que querem saltar
pela minha janela.
Como é belo este silêncio ilimitado
quando nas copas redondas das árvores
o teu nome me chama.
Pedi-te que apagasses a lua
e que nos campos tacteando te encontrasse.
Sei-te na aurora, por isso não temo
e agora a lanterna dos dias pode
por fim ficar em ventos de abraços.
Voam aves dentro dos teus sonhos
como memórias de pétalas acordadas.
Ficas ancorado dentro do meu tempo.
Não há saudade nem solidão
que se não derrube.
Lília Tavares
in 'Parto com os ventos'
de carpas azuis,
de águas que querem saltar
pela minha janela.
Como é belo este silêncio ilimitado
quando nas copas redondas das árvores
o teu nome me chama.
Pedi-te que apagasses a lua
e que nos campos tacteando te encontrasse.
Sei-te na aurora, por isso não temo
e agora a lanterna dos dias pode
por fim ficar em ventos de abraços.
Voam aves dentro dos teus sonhos
como memórias de pétalas acordadas.
Ficas ancorado dentro do meu tempo.
Não há saudade nem solidão
que se não derrube.
Lília Tavares
in 'Parto com os ventos'
Alexandre O`Neill /// HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O`Neill
in No Reino da Dinamarca(1958)
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
helena guimaraes //// NO MEU INTERIOR
No meu interior tenho um santuário
onde tu tens um altar...
É um lugar tão secreto
onde não entra ninguém.
É um lugar de silêncio
onde eu medito também.
As velas são pensamentos
e os pensamentos são sonhos;
o chão ternura infinita,
onde me rojo a teus pés;
e em fantasias me deito.
despido meu corpo inteiro
em sacrifício de amor.
No meu interior tenho um santuário
onde tu tens um altar...
As ofertas são o sangue
que me corre acelerado
quando te vejo me olhando,
os olhos sempre fugindo;
e são a mente, tão cheia
só de ti, a noite e o dia;
e a volúpia das horas
pela mente construida,
e a Vida...
No meu interior tenho um santuário
onde tu estás num altar
Helena Guimarães
Do livro " Intimidades " / 1994
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