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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Aqui eu te amo.




Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.

Fosforesce a lua sobre as águas errantes.

Andam dias iguais a perseguir-se.


Laura

Define-se a névoa em dançantes figuras.

Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.

As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.


Ou a cruz negra de um barco.

Só.

As vezes amanheço, e minha alma está húmida.

Soa, ressoa o mar distante.

Isto é um porto.

Aqui eu te amo.


Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.

Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.

As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,

que correm pelo mar rumo a onde não chegam.


Já me creio esquecido como estas velha âncoras.

São mais tristes os portos ao atracar da tarde.

Cansa-se minha vida inutilmente faminta..

Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.


Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.

Mas a noite enche e começa a cantar-me.

A lua faz girar sua arruela de sonho.


Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.

E como eu te amo, os pinheiros no vento,

querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.


Pablo Neruda

1 comentário:

Sattine Rouge disse...

Olá...
Obrigada, também gostei muito do teu espaço, por isso passei e resolvi ficar.
Seja muito bem vindo. E volte sempre sim, pois aqui também pretendo estar.
Imagem perfeita, adorei e levei para mim... *rs Uniu-se muito bem ao grande Pablo, dos meu preferidos.
Beijos...