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sábado, 27 de maio de 2023

Pablo Neruda

 

Já és minha. Repousa com teu sono no meu sono.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora. 
Gira a noite em suas rodas invisíveis
e ao meu lado és pura como o âmbar adormecido.

Nenhuma outra, amor, dormirá com meus sonhos. 
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo. 
Nenhuma outra viajará pela sombra comigo, 
apenas tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua. 

Já tuas mão abriram os punhos delicados 
e deixaram cair suaves signos sem rumo, 
teus olhos fecharam-se como duas asas cinzentas,

enquanto eu sigo a água que levas e me leva: 
a noite, o mundo, o vento fiam o seu destino, 
e sem ti já não sou senão apenas o teu sonho.


Pablo Neruda



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