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domingo, 14 de maio de 2023

Pablo Neruda

 

Oh que todo o amor propague em mim a sua boca,
que não sofra um instante mais sem primavera, 
à dor eu só vendi as minhas mãos,
agora, bem-amada, deixa-me com teus beijos. 

Cobre com teu perfume a luz do mês aberto,
fecha as portas com tua cabeleira,
e em relação a mim não te esqueças que se acordo e choro 
é porque em sonhos sou apenas um criança perdida

que entre as folhas da noite procura as tuas mãos, 
o contacto do trigo que tu me comunicas, 
um arroubo cintilante de sombra e de energia. 

Oh, bem-amada, e nada mais que sombra 
por onde me acompanhes em teus sonhos 
e me digas a hora da luz.


Pablo Neruda




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