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quarta-feira, 17 de maio de 2023

Nuno Júdice

 

Podia esquecer tudo o que me disseste, ouvir 
o canto do pássaro que passou nesta sala, 
respirar o perfume do jardim que entra pela 
janela, olhar para fora de mim, para aquilo 
a que chamam o mundo. No entanto, o que 
tenho pela frente são as lembranças que 
procurei esquecer, a imagem de que não me 
libertarei, a voz que ecoa na minha 
memória, dizendo o nome tantas vezes 
murmurado. E encosto-me a este instante, 
contando o tempo que falta para que a 
luz desapareça, e a noite me traga 
o silêncio de onde nascem os sonhos.


Nuno Júdice




1 comentário:

mariferrot disse...

A caneta de Nuno Júdice, que calça aparo com ponta de ouro, voltou a escrever um tudo de muito bom !!!...


Beijo Conde