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segunda-feira, 18 de abril de 2022

José Agostinho Baptista

 

Foto: Lee Miller














Vem,
deixa a marca dos teus pés sobre a
nudez do mármore,
abre o decote azul sobre os teus
frutos amadurecidos,
diz que são maçãs sem sombra de pecado,
lembra-te que nestas noites de Agosto a
lua te veste de branco
e sobre as suas pedras de luz passeiam
estranhos animais do verão,
gargantas que entoam uma melodia
sem palavras, sem sentido,
vem,
ouve esse boato cálido na raiz dos teus 
cabelos,
solta-os, deita-te, esquece tudo,
procura apenas o meu nome entre como cinzas.

 José Agostinho Baptista

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