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segunda-feira, 2 de março de 2020

Hamilton Ramos Afonso






« Vitae...»
O quarto de paredes nuas,
pintadas de branco ,
sem reflexão de qualquer som ,
silêncio da solidão, 
da condição de membro 
de família monoparental, 
apresentava todas as manhãs 
o aspecto proprio dessa condição, 
cama pouco desarrumada, 
sinónimo de imobilidade, 
com o odor a homem solitário...

Agora as paredes continuam nuas, 
a cor é a mesma, 
mas as paredes ecoam
com os sons do prazer, 
gritos e gemidos audíveis
despudoradamente rompendo o silêncio ,
sinfonia do amor, gritada a dois...
...sem cuidar de os abafar, 
porque o amor não se abafa , 
grita-se...

A cama é um caos ,
palco das refregas 
que deixam os lençõis vincados
dos movimentos a dois...
...compassados, 
ritmados, 
assíncronos, 
e o odor a fêmea
mistura-se alacremente
ao do macho saciado.

Hamilton Ramos Afonso

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