Poema em tempo de Coronavírus
A brutalidade da vida é uma coisa normal.
Como sou delicado
tento fazer poesia
mesmo quando uma pandemia
me isola das coisas e pessoas que amo.
Sou naturalmente indefeso
contra qualquer tipo de vírus.
Pego gripe
com a facilidade que os grandes goleiros
pegam pênaltis.
E não gosto muito de longas conversas
por celular
nem de interações digitais demais.
Meus receios são tão maiores ainda
porque sei que tudo é frágil
ao menor contacto.
E me entrego aos únicos prazeres
que me parecem possíveis:
dormir a qualquer hora e sem limites
(que a preguiça sempre foi uma das minhas qualidades),
ler sem a menor regra,
ouvir todo e qualquer tipo de música,
comer sardinha, até mesmo de lata,
mastigar castanha do Pará,
e me embriagar
com algumas taças de vinho
porquê, de qualquer forma,
não posso viver sem sonhar!
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