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quinta-feira, 12 de março de 2020

Outra poesia de Fernando Linero







NO CABE LAMENTARSE

Fernando Linero

No cabe lamentarse de aquello que está más allá
del estrecho límite de los sentidos.
Sé que la realidad no es más que esos cristales opacos
que sólo dejan pasar un resplandor difuso.
Pero aún siendo un destello en la noche del tiempo
yo que fui una posibilidad entre infinitas posibilidades
siento al verano hablar a través de los frutos
y es como el peso de la luz sobre la más íntima anarquía.

No cabe lamentarse de los dones del mundo.
He amado la música, ese intersticio azul entre las hojas.
He amado el mar, la noche, los caminos.
No cabe lamentarse si el verso crece como un árbol
y hay almas que comen de su pan.

NÃO CABE LAMENTAR-SE

Não cabe lamentar-se daquilo que está mais além
do estreito limite dos sentidos.
Sei que a realidade não é mais do que esses cristais opacos
que só deixam passar um resplendor difuso.
Porém, ainda que sendo relâmpago da noite do tempo
eu, que fui uma possibilidade entre infinitas possibilidades,
sinto o verão falar através dos frutos
e é como o peso da luz sobre a mais intima anarquia.

Não cabe lamentar-se dos dons do mundo,
Tenho amado a música, este interstício azul entre as folhas.
Tenho amado o mar, a noite, os caminhos.
Não cabe lamentar-se se o verso cresce como árvore
e há almas que comem de seu pão.

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