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sexta-feira, 13 de março de 2020







POESIA
Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos

transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar 
diferente inundava a cidade.Sentei-me 
nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que 
me deixaste como amada
recordação. 
*
Nuno Júdice
*
In Poemas em voz alta

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