Soneto II
Meu coração se sente satisfeito
de te haver amado e nunca possuído:
assim teu amor se salva do olvido
igual a minha ternura do despeito.
Jamais te vi desnuda sobre o leito
nem ouvi tua voz morrendo em meu ouvido:
assim bem fugaz não se há convertido
um grande amor num prazer estreito.
Quando o deleite sumir do já vivido
acrescentado-se ao que resta ao peito,
pois, só a ilusão se vai pelo sentido.
E, nesse fazer e desfazer o feito,
só um amor se salva do olvido
e é o amor que queda insatisfeito.
Ilustração: romanceemalta.loveblog.com.br
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