Snapshot from Anton Corbijn's "Control" |
Vendo bem, as vozes mais ingratas
foram as que acordaram em nós um violento
amor à vida: por essa beleza indócil
sofreríamos tudo, até ao fim. Mas, depois
da música, era como se uma estrela
morresse de repente: tínhamos 18 anos
e andávamos sempre de luto. Os velhos muros
das quintas, recreios da nossa infância,
estrangulavam ruas tortas no entardecer inerte
dum feriado nacional. Descíamos a ribanceira
por detrás do cemitério - estávamos já muito sós
e ainda queríamos tudo: um beijo e um charro
molhado de lágrimas para render mais. Porém,
a vida tardava (como tardaria sempre), era um lento
desengano com pequenos interstícios musicais.
Rui Pires Cabral
1 comentário:
Vozes que nos apoquentam são ecos que vivem no fundo, são sonhos que naufragaram e amores que não sonharam !!!... Bj Conde <3
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