mar adentro...
sento-me junto à janela
que conheci tua
o olhar repousando sobre
as águas do rio que corre
em baixo na estrada vejo os últimos
carros que passam na noite
mas é o voo das gaivotas
que me leva o pensamento
em mim permanece ainda o quente eflúvio
das descobertas que sempre fazemos;
digo: são doces os resquícios do interminável
desejo com que reinventamos essa
cartografia da paixão e dos afectos
pouco sei das ciências dos elementos
ou do simbolismo histórico das aves:
são outros os saberes onde me atenho.
mas desta tua janela
vendo o reflexo das margens na águas
penso nas pontes que nos aproximaram
recordo a nascente de um improvável curso de água
os relevos já rasgados
e penso nesse mar aqui tão perto
revelado pelas aves que livremente voam junto à costa
não renego as margens de nos deram forma
muito menos os vales já sulcados.
na invocação da proximidade do mar
antevejo o sal de horizontes a perder de vista
e penso no sabor que deixaste em minha boca
olhar abandonado em longos cabelos
navegando à vista
da candura cor de terra
de um olhar que me pacifica
rumamos barra fora e largamos velas ao vento
rui amaral mendes in a noite o sangue [2016] ©
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