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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Nuno Júdice

































Podia ser aí. Contigo. Com o teu corpo
ainda nu, ou vestido da luz que entra pelas 
persianas velhas, trazendo a tremura 
das folhas na trepadeira do quintal. 

Podia ser de manhã, ou de madrugada, 
sabendo que teria de te abraçar para que não
desses pelo frio, com o quarto ainda 
húmido da noite, num fim de outono. 

Podia não ter sido nunca, se não fossem 
assim as coisas: a tua mão ao encontro da 
minha, no tampo da mesa, como se fosse 
aí que tudo se jogasse, entre duas mãos.


Nuno Júdice

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