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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Nuno Júdice








































Numa noite antiga de verão em que todas as estrelas
brilhavam nos seus lugares, nessa noite de calor ouvi
as rãs na água dos arrozais, e as nuvens de mosquitos cobriam
o caminho por onde te via passar, descalça, correndo sobre a terra
até ao pátio da casa fechada onde só os fantasmas viviam,
esperando que lhes abrisses a porta para atravessarem o campo
dos enforcados. Mas tu não os vias, e continuavas
a correr até à estação onde já nenhum comboio parava,
e ias para o canto mais escuro do jardim, despindo a blusa
para libertares o peito do calor da noite, e ofereceres
às estrelas as pontas dos seios. 


Nuno Júdice

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