sinais...
Este rosto rente à terra
esta poeira
fresca ainda do rebanho,
este tumulto de palavras
cálido
para escrever na pele,
esta língua de argila
porosa
e cativa,
são sinais de outro verão.
Ternamente incestuoso vai chegar
o inverno
vai chegar cego pela mão do vento
vai chegar
aos tropeções
o sangue dos espelhos.
O sol
não tardará a ser água.
Entre o feno fremente e a fonte furtiva
no alto fim de setembro
procura
o lugar
onde um corpo entre noutro corpo
repousa no ardor
adormece no rumor
na coroa de fogo das colinas.
O verão é branco e liso
e sempre ficam sinais.
Eugénio de Andrade
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